Gerais
a. É, geralmente, melhor assentar-se cada fiada apenas com o comprimento da totalidade do troço correspondente a uma jornada de trabalho, antes de se começar a fiada seguinte. Se fizermos assim e, ao mesmo tempo, se procurarmos a maior pedra que se vai usar a seguir, não se vai ter grandes problemas em calibrarem-se as fiadas.
b. Assentam-se ambas as faces ao mesmo tempo e mantêm-se bem preenchidas entre si. Nunca se colocam pedras nas fiadas seguintes antes que o muro imediatamente abaixo esteja completo e estável.
c. Trabalha-se num troço curto com 1 metro (3’ a 4’) de cada vez, antes de se continuar a fiada do outro lado. Escolhe-se uma pedra aceitável que esteja nas proximidades e olha-se para se determinar onde é que ela vai encaixar nesse comprimento.
Deve-se recordar que se ela não ficar bem onde se tinha imaginado, é provável que sirva nas proximidades.
Em vez de a deitarmos para o chão, com desgosto, ou de se andar com ela para cima e para baixo no muro à procura do melhor lugar para a assentar, deve-se apenas experimentá-la em várias posições na área próxima de onde se está a trabalhar. Isto poupa tempo e esforços, e é geralmente mais bem sucedido.
Conforme a equipa do ACE se vai tornando mais experiente, eles vão descobrir com facilidade progressiva como colocarem correctamente as pedras à primeira tentativa.
d. Enquanto se está a assentar as fiadas, fica-se de frente para o muro. Esta é a posição mais fácil e confortável para se levantarem e posicionarem as pedras grandes.
e. Usam-se ambas as mãos para agarrar e colocar todas as pedras, menos os preenchimentos ou as pedras das faces que sejam mais pequenas. Assim é mais seguro e dá-nos uma melhor percepção da sua forma.
Depois de se colocar cada pedra, verifica-se se é fácil deslocá-la fazendo pressão para baixo e para fora com as mãos. Ela deve ficar estável para que as fiadas seguintes a façam assentar ainda mais firmemente.
f. As pedras são colocadas e não deixadas cair sobre a parede. É o procedimento mais saudável para a parede e para os nossos dedos.
g. Usam-se as melhores pedras para as faces. As pedras irregulares ou mal configuradas podem ir para o interior. Só devem ser quebradas se forem demasiadamente grandes para serem usadas inteiras nos preenchimentos ou se forem demasiadamente lisas para ‘morderem’.
h. Quando se trabalha sozinho, a princípio é bastante fácil construir-se a partir de ambas as faces, passando-se para trás e para a frente por cima do muro de maneira a se gastarem as pedras descarregadas de ambos os lados.
Quando isto começa a ser difícil, podemos conseguir ajustar pedras na face contrária do muro pondo-se uma mão sobre uma pedra da face oposta e inclinando-nos sobre a parede. Isto é melhor do que saltar por cima do muro, o que faz desarrumar ambas as faces.
Logo que o muro tenha alguns palmos de altura, podemos trabalhar principalmente de um lado, ou então continuar a passar por cima do muro ou andar à sua volta em intervalos frequentes.
Os experientes trabalham, tanto quanto possível, a partir de um só lado e assentam as pedras em conformidade. Eles começam por construir e formar as arestas da face oposta e, a seguir, constroem a face mais próxima e colocam o preenchimento, repetindo este procedimento a cada fiada.
De tempos a tempos andam à volta, até ao outro lado, para verificarem os resultados.
No caso dos principiantes, é preferível trabalharem igualmente de ambos os lados, concentrando-se na face mais próxima de cada vez.
Quando se tiver que passar por cima do muro, por exemplo para se reconstruir entre troços existentes, devemos pisar cuidadosamente sobre uma pedra de face do lado oposto e verificar, a seguir, se ela não ficou deslocada. Não devemos colocar o nosso peso em cima dos preenchimentos.
Assentamento das pedras
a. Assentam-se as pedras de face com as respectivas arestas maiores viradas para o interior do muro, e não no sentido do comprimento, tal como se fez para as pedras de base, a menos que elas sejam tão grandes que vão interferir com ambas as pedras da face oposta.
Se as pedras forem compridas demais para serem colocadas no muro e nos parecer provável que vão rodar para fora da sua posição, caso sejam assentes no sentido o comprimento, elas devem ser partidas em bocados mais pequenos.
b. Assenta-se cada pedra de face de maneira que o seu topo fique ao mesmo tempo nivelado e ligeiramente mais elevado em direcção ao centro da parede, do que na do exterior.
Nunca se assentam pedras inclinadas para o centro, uma vez que elas tendem a inclinarem-se cada vez mais, conforme os preenchimentos abaixo delas vão assentando.
Isto conduz o respectivo peso, bem como o das pedras acima delas, cada vez mais para cima dos preenchimentos, em vez de ir para as pedras de face e para as fundações por baixo destas.
As pedras inclinadas para o interior também conduzem a água da chuva para o vulnerável núcleo do muro, aumentando a probabilidade da sua degradação pelo congelamento.
Ambos estes processos são causas prováveis para o muro colapsar para interior, no futuro.
Nalgumas regiões, os construtores de muros, particularmente nos Cotswolds e, em menor quantidade, na Escócia, sublinham a necessidade de se colocarem as pedras ligeiramente mais elevadas no meio para se garantir que o muro drena a água.
Os construtores da zona dos Pennine concordam em princípio, mas as respectivas pedras são frequentemente demasiadamente grandes e irregulares para se conseguir este objectivo.
No entanto, eles são muito cuidadosos em garantirem que as pedras não se inclinem para baixo, no interior.
Se, efectivamente, construirmos muros com pedras inclinadas para fora, devemos garantir que o seu ângulo é muito ligeiro para se evitar que elas sejam impelidas para fora conforme o muro vai
assentando.
c. Deve-se tentar assentar todas as pedras de face com uma superfície plana virada para baixo, para que fiquem solidamente apoiadas. Mesmo que isto implique que a superfície superior seja arredondada, é habitualmente bastante fácil criar-se um bom leito para a próxima fiada pela colocação de pedras pequenas e achatadas de ambos os lados.
Nunca se deve assentar o lado arredondado para baixo, já que desta forma a área de contacto com a pedra inferior fica menor e pode ser difícil ajeitar-se a pedra de maneira a ficar firmemente apoiada.
d. Não se devem colocar pedras que vão actuar como cunhas geradoras de forças descendentes.
Isto é especialmente tentador quando se usam blocos de calcário, mas tende a forçar as pedras circundantes a afastarem-se, o que enfraquece o muro.
e. Consideradas as anteriores restrições, devem-se assentar todas as pedras de modo a que a sua superfície mais plana, ou aquela que mais se aproxime da perpendicular ao leito, fique virada para o exterior, de maneira a se formar a face do muro.
sto tem melhor aspecto e também ajuda a garantir uma superfície interior irregular para ligação dos preenchimentos.
Se possível, todas as faces das pedras devem ficar alinhadas com a inclinação do muro, conforme se vê no diagrama seguinte.
É errado assentarem-se pedras em balanço, não só porque parecem mal, mas porque também proporcionam menos suporte às pedras que lhes ficam por cima.
f. Se possível, devemos evitar assentar pedras que se projectem para fora da face geral do muro.
Quando for forçoso fazê-lo com pedras grandes que, de outra maneira, não assentariam adequadamente, deve-se garantir que ficam verdadeiramente sólidas, conforme se mostra a seguir.
O desenho central mostra uma pedra que nunca devia ter sido assente projectada para fora da parede, porque nesta posição ela vai ser forçada para baixo e para fora, pelas pedras que lhe ficam por cima.
Este tipo de pedra curvada para baixo deve ser assente mais para trás, para que seja fortemente forçada contra a pedra que lhe está por baixo pelo peso das fiadas superiores, conforme se mostra à direita.
g. A maioria das pedras sedimentares e metamórficas tem um grão definido ao longo dos planos de sedimentação, ou linhas de clivagem, ou de esfoliação. Deve-se tentar assentar as pedras das faces de modo a que o seu grão corra horizontalmente, mesmo que as superfícies superiores fiquem inclinadas.
Desta forma as pedras resistem melhor à acção dos elementos climatéricos.
Os júris dos concursos esperam encontrar esta disposição e, logo que começamos a pensar sobre o assunto, ficamos surpreendidos como as pedras têm mau aspecto quando o seu grão corre no sentido errado.
h. Quando se usa uma pedra mais pequena para se subir o nível da fiada de baixo, entre duas pedras grandes, deve-se garantir que ela fica nivelada, ou mesmo um pouco acima, relativamente às suas vizinhas.
De outro modo, ela não fica firmemente segura pelas pedras de cima e é provável que escorregue para fora.
i. Quando se procura uma pedra para encaixar contra uma vizinha mal configurada, é mais fácil sentir a forma adequada do que estimá-la com a vista. Os construtores experientes apalpam ou sopesam com as mãos, frequentemente, à volta das pedras, ao mesmo tempo que olham para os espaços no muro, para terem uma melhor ideia sobre o formato necessário.
Cunhas
É frequente que uma pedra que não se apoie firmemente por si própria, possa ser segura com uma pedra pequena de forma arredondada, encaixada por baixo e por trás.
Estas cunhas também podem ser úteis por trás, para se garantir que as superfícies de cima ficam niveladas ou ligeiramente inclinadas para baixo e para fora, em vez de o ficarem para o centro.
As cunhas podem ter um tamanho e uma forma qualquer, desde que tenham um ângulo aguçado para se encaixarem justamente na respectiva posição.
Deve-se experimentar a pedra de face depois de aplicada a cunha e verificar-se se ela não balança para trás e para a frente quando é carregada para baixo.
Se for necessário partirem-se pedras grandes para se fazerem cunhas adequadas, deve-se garantir que ficam pedras suficientes para a face do muro.
Pregos
Os pregos são pedras em cunha que se forçam nos intervalos da face da parede ou entre as pedras de topo para se criar um topo travado.
Os construtores de muros dos Pennines não gostam de usar pregos pelas seguintes razões:
a. Com o esforço para serem introduzidos os pregos, podem-se desarrumar as pedras das faces ou dos preenchimentos.
b. Os pregos, mesmo que sejam batidos com um martelo, nunca ficam verdadeiramente seguros.
É frequente que sejam forçados a sair da parede quanto esta assenta ou quando o congelamento perturba as suas faces.
Mesmo com um percussão suave, é frequente que estes pregos fissurem, permitindo que a água se infiltre por eles, o que os irá fragmentar dentro de pouco tempo.
c. Os pregos são, geralmente, inúteis desde que as pedras das faces sejam adequadamente colocadas e cunhadas por detrás.
Por vezes são usados pregos para se preencherem lacunas ou buracos que o construtor entende serem sinais de uma má construção.
De facto, as fendas e as lacunas não têm importância desde que todas as pedras repousem firmemente e que as aberturas sejam demasiadamente pequenas para que os preenchimentos consigam sair.
Não há nenhuma necessidade de que todas as pedras das faces estejam apertadas contra as suas vizinhas, se isto significar que ficam fracamente apoiadas.