Com o aparecimento de métodos térmicos eficazes para a remoção total da tinta, a necessidade de métodos químicos – no contexto da preparação de carpintarias históricas exteriores para a repintura – tornou-se bastante limitada. No entanto, os decapantes à base de solventes ou cáusticos podem desempenhar um papel suplementar num certo número de situações, inclusive:
- Na remoção de resíduos de tinta em elementos decorativos intrincados, ou em fendas ou áreas difíceis de alcançar, nos casos em que a pistola de ar quente não tenha sido completamente eficaz;
- Na remoção da tinta em pinázios de janelas, onde os equipamentos a quente possam partir os vidros com facilidade;
- Na remoção do verniz em portas exteriores, depois de terem sido removidas todas as camadas de tinta com o fogão eléctrico ou com a pistola de ar quente, quando for pretendido restaurar-se o acabamento original envernizado;
- Na remoção da tinta em elementos de madeira desmontáveis, tais como portadas exteriores, balaústres, colunas e portas, em decapagem por mergulho, quando os outros métodos forem demasiadamente trabalhosos.
Métodos químicos recomendados (Usar com extrema precaução)
Como todos os decapantes químicos de tinta podem envolver potenciais riscos para a saúde e para a segurança, não podem ser feitas recomendações generalizáveis sob esse ponto de vista.
Geralmente conhecidos como decapantes 28, estes produtos à base de solventes ou cáusticos estão à venda em condições de, quando despejados, aplicados a pincel ou pulverizados sobre carpintarias exteriores pintadas, são capazes de amolecer diversas camadas de tinta de uma só vez, de tal forma que a “lama” resultante – sobre a qual se deve recordar que é nada menos do que a sequência das camadas de tintas históricas – pode ser removida com uma betumadeira. Os elementos de madeira que sejam desmontáveis, tais como as portadas exteriores, também podem ser decapados “por mergulho”.
Decapantes à base de solventes: As suas fórmulas tendem a variar, mas consistem geralmente em combinações de solventes orgânicos tais como o cloreto de metileno, o isopropanol, o toluol, o xilol e o metanol; espessantes tais como a metil celulose; e vários aditivos tais como a cera de parafina usados para se evitar que os solventes voláteis evaporem antes de eles terem tido tempo para ensoparem as múltiplas camadas de tinta. Assim, enquanto que alguns decapantes à base de solventes são bastante espessos e, portanto, inadequados para serem usados em superfícies verticais, outros, chamados de “decapantes semi pastosos”, foram formulados para serem usados em superfícies verticais e em superfícies horizontais invertidas.
No entanto, líquidos ou semi pastosos, há dois pontos importantes a referir quando se usam quaisquer decapantes à base de solventes : primeiro, os vapores dos químicos orgânicos podem ser altamente tóxicos, se inalados; o seu contacto com a pele também é extremamente perigoso, porque os solventes podem ser absorvidos; segundo, muitos decapantes à base de solventes são inflamáveis.
Apesar de a aplicação fora de portas poder mitigar um pouco os riscos para a saúde e para a segurança, é recomendado o uso de um respirador com filtros especiais para solventes orgânicos e, evidentemente, nunca devem ser usados decapantes à base de solventes perto de chamas abertas, de cigarros acesos, nem devem ser aplicados com palha de aço perto de tomadas de corrente.
Apesar de parecer que é o método mais simples para utilizações no exterior, deve ser aqui mencionado um tipo particular de decapante à base de solventes que pode provocar a maioria dos problemas. Conhecidos por serem “laváveis com água”, estes produtos têm uma elevada proporção de cloreto de metileno em conjunto com emulsionantes. Embora a tinta dissolvida possa ser enxaguada com água e um mínimo de raspagem, isto acaba por criar um problema maior relaciobado com a limpeza e com o despejo dos restos lamacentos. Além disso, estes decapantes podem deixar um resíduo pegajoso sobre a madeira que exige ser removido com solventes. Finalmente, os decapantes laváveis com água tendem para levantar o grão da madeira mais do que os decapantes vulgares.
Em resumo, os decapantes normais parecem trabalhar igualmente bem nas aplicações exteriores e são, talvez, ainda melhores sob o ponto de vista do despejo da lama de chumbo porque eles têm que ser raspados à mão em vez de enxaguados (uma lata de café com um arame atravessado na boca é um utensílio muito eficaz para se recolher a lama; quando se raspa a betumadeira no arame, a lama cai simplesmente dentro da lata. Depois, quando a lata fica cheia, retira-se o arame, tapa-se a lata, e a lama de tinta de chumbo pode ser despejada conforme os regulamentos sanitários locais).
Decapantes cáusticos: Até ao aparecimento dos decapantes à base de solventes, eram usados exclusivamente os decapantes cáusticos quando se encarava um método químico apropriado para a remoção total de tinta antes da repintura ou do novo acabamento. No presente, é difícil encontrarem-se à venda soluções cáusticas já preparadas, para uso não profissional, nas lojas de materiais de construção ou de tintas, com a excepção da soda cáustica, porque os decapantes à base de solventes, em embalagens pequenas, tendem a dominar o mercado.
A maioria das empresas de decapagem por mergulho, no entanto, continuam a usar variações dos processos por banhos cáusticos, porque estes continuam a ser o método mais barato existente para a remoção de tinta. Geralmente, o banho decapante deve ser deixado para empresas profissionais porque as soluções cáusticas dissolvem a pele e danificam permanentemente os olhos, assim como apresentam sérios problemas de despejo, quando em grandes quantidades.
Se as portadas exteriores ou outros elementos desmontáveis tiverem que ser enviados para decapagem em solução cáustica, é sensato verem-se amostras de trabalhos dessa empresa já acabados. Enquanto que algumas empresas fazem um trabalho de primeira categoria, outras podem deixar um resíduo de tinta sobre os esculpidos e os canelados. Os elementos em madeira também podem ficar mergulhados durante tempo a mais, pelo que o grão da madeira fica levantado ou áspero, exigindo um posterior trabalho de lixa manual muito extensivo. Além disso, devem ser dadas garantias por essas empresas de que os decapantes cáusticos são posteriormente neutralizados com uma solução ligeiramente ácida ou, pelo menos, cuidadosamente enxaguados com água a seguir ao banho (um resíduo cáustico faz a madeira ficar escorregadia). Se isto não for feito, o resíduo de soda cáustica vai provocar a destruição da tinta nova.