Na presente Nota de informação técnica, utilizar-se-á sistematicamente o termo “nettoyage” (limpeza), em vez do termo mais geral “ravalement” (tratamento de fachadas), ainda que este seja frequentemente usado pelos profissionais para designar uma simples limpeza.
A limpeza é muito frequentemente considerada, e mal, como a restituição de uma fachada ao seu estado inicial de asseio ou ainda como a devolução da cor e da textura originais aos materiais. Isto implica, na maioria dos casos, uma retirada mais ou menos importante de matéria, produzindo modificações quase sempre desfavoráveis no relevo da superfície.
De facto, a limpeza deve, salvo casos particulares ou prescrições especiais, limitar-se a retirar as poeiras e as fuligens pouco aderentes, conservando-se na fachada os sinais do tempo e a sua patine.
Acontece igualmente que a limpeza põe em evidência diferenças de tonalidades existentes mas inicialmente mascaradas pela sujidade.
Na medida em que essas diferenças fazem parte integrante dos materiais, é desaconselhada a sua uniformização.
É portanto desejável especificar-se, antes do início dos trabalhos, o estado de asseio desejado em cada caso e o estado da superfície que pode resultar.
Isto aplica-se designadamente em caso de prescrições especiais que visassem, por exemplo, a conservação de certas zonas mais sombrias, a eliminação da patine para se redescobrir o estado original do material… Constatam-se com efeito demasiados litígios após os trabalhos:
- Seja no caso de limpezas realizadas com excessivo cuidado, na óptica de uma alteração dos materiais mínima, mas não oferecendo um aspecto suficientemente limpo aos olhos do dono da obra.
- Seja, pelo contrário, no caso de intervenções vigorosas que oferecem superfícies perfeitamente limpas mas irremediavelmente deterioradas.
Como aconselhado diversas vezes nesta Nota, um ensaio de limpeza preliminar sobre uma superfície restrita é particularmente útil a fim de se reduzirem os riscos de posteriores diferendos.
Para fachadas pintadas de edificações classificadas, é desejável proceder-se ao exame e à análise das camadas pictóricas antes de qualquer intervenção de limpeza.
Sempre que o material esteja alterado, a limpeza deve igualmente servir para pôr em evidência as partes degradadas e para travar a progressão da alteração por um tratamento adequado de conservação.
Em certos casos, definir-se-á se as reparações devem ser efectuadas, quer nos materiais constitutivos, quer nas suas juntas.
Será também definido se, uma vez limpa, a fachada deve ser objecto de tratamentos de protecção (hidrofugação ou tratamentos antigraffiti), sabendo-se que estes tratamentos não substituem posteriores limpezas, mas facilitam a conservação com emprego de métodos suaves (não abrasivos).
Assinale-se, já agora, que estes tratamentos têm a tendência a acentuar as tonalidades naturais dos materiais, fenómeno que pode ser, em certos casos, mal aceite depois da limpeza.