Apontamentos Limpeza de Fachadas

Limpeza de Fachadas

Introdução

Na Bélgica, como na maior parte dos países europeus, uma parte importante do património imobiliário de vocação habitacional foi construído há 50 anos ou mais.

Ninguém se opõe à supressão dos pardieiros mas, ainda não há muito tempo, não se hesitava em suprimir-se quarteirões inteiros de habitações, ainda aproveitáveis.

Actualmente, a ideia da renovação urbana, com o objectivo de conservar o carácter das

nossas cidades tal como uma qualidade de vida mais humana, desenvolveu-se e intensificou-se, encorajado aliás pelo exemplo do poder público ou por incentivos à renovação.

Já não se verifica mais aquela vaga de demolição inconsideradas, mas sim a preocupação em se conservar o que merece sê-lo e o melhoramento de edifícios habitacionais dando-lhes o conforto que lhes faltava.

É a era da renovação ou, mais exactamente, da reabilitação, que consiste em devolver aos edifícios conserváveis a resistência estrutural necessária à sua segurança, em perseguir a humidade exagerada e em melhorar o conforto interior e o aspecto exterior.

A manutenção da aparência primitiva das fachadas e o desejo de se restabelecer a riqueza das variações e tonalidades dos materiais inscrevem-se nesta tendência e testemunham uma preocupação de respeito pelo aspecto original e pela envolvente construída.

Nesta óptica, dedicamo-nos empenhadamente em eliminar as camadas de sujidades que desfeiam as fachadas e podem contribuir, de maneira indirecta, para a degradação dos materiais.

Citemos a este propósito a retenção da humidade pelas fuligens e pelas matérias orgânicas, a proliferação das sulfo ou nitrobactérias susceptíveis de degradar as pedras pela formação de ácidos…

A limpeza das fachadas, bem entendido, não só deve ser apenas considerada como uma intervenção estética, mas também como um meio de prolongar a vida dos seus materiais.

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Devia, por isso, fazer parte da manutenção normal das edificações.

Todavia, a limpeza é uma operação delicada que pode produzir prejuízos irreversíveis se não for encarada com discernimento e conduzida com atenção e ajuda de técnicas especializadas.

Numa óptica de devolução de boas condições às fachadas, a limpeza não é uma técnica nova propriamente dita, uma vez que o sector da conservação do património histórico já faz dela uso há mais que meio século.

Há cerca de trinta anos, a limpeza foi encorajada em grande escala no estrangeiro.

Paris, onde um bom número de fachadas foi refrescado sob a iniciativa do Ministro André Malraux, é sem dúvida o exemplo mais espectacular.

Na sua peugada, o desejo de se preservar o património apareceu verdadeiramente no nosso país durante os anos 70.

Indivíduos e empresas tomaram cada vez mais consciência do valor das fachadas, frequentemente dissimuladas sob uma espessa camada de concreções, e sentiram a necessidade de fazer renascer a respectiva riqueza original de formas e de cores.

Mas, como é frequentemente o caso, o entusiasmo vence a experiência.

Mais que um edifício de valor foi seriamente danificado por uma operação de limpeza de fachada executadade total boa fé mas sem discernimento.

Certos trabalhos de renovação revelaram-se por vezes mais destruidores que cem anos de exposição às intempéries.

Nada é menos surpreendente pois a noção de limpeza de fachadas era ainda nova e não existiam técnicas adaptadas aos materiais de construção.

Recorria-se geralmente a métodos conhecidos utilizados noutros ramos industriais.

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Assim, o jacto de areia, aplicado há décadas com sucesso sobre os metais, popularizou-se em pouco tempo.

As consequências não se fizeram esperar: a pedra natural e o tijolo, nitidamente mais fracos e heterogéneos que as superfícies metálicas, resistiram mal à acção abrasiva do jacto de areia e foram numerosas as fachadas danificadas.

A limpeza de fachadas em geral e o jacto de areia em particular adquiriram assim má fama, dando lugar, nalguns países vizinhos, aos procedimentos químicos e isto apesar do risco de efeitos secundários nefastos.

Entretanto, tanto os tratamentos químicos como as técnicas de projecção foram proibidos dando lugar a técnicas que utilizam apenas a água, mas sem se eliminarem totalmente os riscos de danos nas alvenarias e nos acabamentos exteriores.

Não existem, de facto, métodos de limpeza eficientes universalmente utilizáveis e que não apresentem potenciais efeitos secundários; em contrapartida existe uma série de métodos mais ou menos adaptados aos diferentes problemas de sujidade e aos numerosos materiais de fachada.

Nesta óptica, a presente Nota propõe-se fornecer aos práticos, arquitectos e donos de obras uma relação dos diferentes métodos de limpeza utilizáveis e de os ajudar numa primeira selecção das técnicas a encarar em função dos materiais e dos tipos de obras em questão.

É o resultado da confrontação, no seio do grupo de trabalho, dos conhecimentos e das experiências actuais, completadas por observações e medições efectuadas em fachadas e em laboratório, no quadro das pesquisas sobre este assunto e da orientação tecnológica Rénovation et entretien des bâtiments (Renovação e manutenção das edificações), subsidiada pelas Regiões.

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