Consequências do tráfico de escravos

Consequências do tráfico de escravos

As consequências demográficas são talvez as mais estudadas pelos investigadores. A matança é, obviamente, enorme. Tem-se trabalhado no cálculo, mais ou menos aproximado, do número de africanos e africanas, estas talvez um pouco menos numerosas todos jovens, que foram deportados à América.

Coincide-se mais ou menos em admitir uma cifra aproximada de 12 a 15 milhões em quatro séculos. Mas a África perdeu muito mais, em primeiro lugar, porque esta chacina de homens e mulheres em idade de procriar, posto que os africanos de mais idade careciam de interesse para os negreiros, reduziu necessariamente o crescimento demográfico normal numa proporção que sem dúvida não poderá ser estabelecida nunca com exatidão.

As consequências políticas do tráfico não foram menos importantes. As antigas estruturas políticas do Sudão nigeriano, do Chade e do Congo entraram em decadência ao não poder se adaptar à situação criada pelo tráfico. O Congo, que se encontrava em seu apogeu, não logrou resistir à pressão dos portugueses, que desde sua base de Santo Tomé vinham a tirar escravos em seu território para sua colónia Brasil, apesar da boa disposição de uma parte da aristocracia dirigente, que tinha-se convertido ao catolicismo.

Para consolidar seus negócios, os portugueses fomentaram a dissidência dos chefes de províncias e estimularam a luta das facções que se disputavam o poder, até que o país caiu na anarquia. A mesma sorte correu os reinos de Oyó e Benim, que tinham atingido um certo equilíbrio institucional antes da chegada dos europeus. Não puderam resistir as guerras constantes alimentadas pelo tráfico. Muito cedo as províncias viraram principados independentes.

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Aos finais do séc. XVIII, uma cultura brilhante, de mais de dois séculos de vida, tinha-se transformado num vasto campo de confrontos contínuos, que ganharam para Benim o triste apelido de ‘sangrento’. Os estados do litoral e os que estavam relativamente perto deles, lograram uma remodelação institucional e instauraram poderes fortes. Na região de Senegâmbia, por exemplo, as estruturas políticas tradicionais sofreram profundas transformações.

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