Para Eriksen e Nielsen (2007) em Filosofia será preferível a expressão “filosofia da existência”, por ser mais específica e menos controvertida.
A “existência” que aqui está implicada é o Homem, que se torna o centro de atenção, encarado como ser concreto – nas suas circunstâncias, no seu viver, nas suas aspirações totais. Centrado nos problemas do Homem, o Existencialismo penetra nos seus sentimentos concretos, nas suas angústias e preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e satisfações – temas particularmente aptos para um desenvolvimento literário.
Para Eriksen e Nielsen (2007) o Kierkegaard defende que “O existencialismo nunca poderá ser uma teoria como outra qualquer, porque a existência não é, em si, susceptível de teoria. O existencialismo, para Kierkegaard, é apenas a expressão da sua própria vida e a única coisa de geral ou de universal que contém é a exortação que a todos nos dirige para que nos tornemos cristãos. A natureza deste existencialismo só poderá, portanto, ser definida em função das condições que são requeridas por um existir autêntico – existir que se deverá iniciar e intensificar seguidamente, por meio de uma reflexão capaz de fazer, de uma existência vivida, uma existência desejada e pensada. Essas condições podem reduzir-se a três: a necessidade do compromisso e do risco, o primado da subjectividade e a prova da angústia e do desespero.”
O que o Karl Marx critica, segundo Leplatine (2003) é a questão de como compreender o que é o homem. Não é o ter consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere ao homem sua singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência, tanto material quanto ideal, que diferencia o homem. A essência do homem é não teressência, a essência do homem é algo que ele próprio constrói, ou seja, a História.
“A existência precede a essência”; nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que é construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra.
Assim como o homem produz o seu próprio ambiente, por outro lado, esta produção da condição de existência não é livremente escolhida, mas sim, previamente determinada.
O homem pode fazer a sua História mas não pode fazer nas condições por ele escolhidas.
O homem é historicamente determinado pelas condições, logo é responsável por todos os seus actos, pois ele é livre para escolher.
Logo todas as teorias de Marx estão fundamentadas naquilo que é o homem, ou seja, o que é a sua existência. O Homem é condenado a ser livre (JORDÃO, 2004).
Eriksen e Nielsen (2007) afirmam que as relações sociais do homem são tidas pelas relações que o homem mantém com a natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se constitui a partir de seu próprio trabalho, e sua sociedade se constitui a partir de suas condições materiais de produção, que dependem de factores naturais (clima, biologia, geografia…) ou seja, relação homem-Natureza, assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também há a relação homem-Natureza-Cultura.
De acordo com a mesma fonte, o Jean Paul Sartre defende que a distinção entre essência e existência corresponde a distinção entre conhecimento intelectual e conhecimento sensível.
Os sentidos põem em contacto com os seres particulares e contingentes, únicos que realmente existem, ao passo que a inteligência permite aprender as ideias ou essências, géneros e espécies universais, meras possibilidades de ser, em si mesmas inexistentes.
Sabe-se, no entanto, desde Sócrates, que o objecto da ciência é o universal e não o particular, quer dizer a essência e não a existência.
Platão tenta resolver essa contradição hipostasiando as ideias, atribuindo-lhes a realidade, no mundo supra-sensível ou topos ouranoú (lugar do céu). Poder-se-ia dizer que é em nome da existência que Aristóteles critica a teoria platónica das ideias, sustentando que as ideias, ou essências, não estão fora mas dentro das próprias coisas, as quais, feitas de matéria e de forma, contem, em si mesmas, o universal e o particular, a essência e a existência.
Leplatine (2003) e Eriksen & Nielsen (2007) dizem que o Vergílio Ferreira (…) admite que o “O existencialismo ergue o seu protesto, afirmando que o Homem é pessoalmente, individualmente, um valor; que a sua liberdade (em todas as suas dimensões e não apenas em algumas) é uma riqueza, uma necessidade estrutural de que não deve perder-se entre a trituração do dia-a-dia; e finalmente que, fixando o homem nos seus estritos limites, só por distracção ou imbecilidade ou por crime se não vê ou não deixa ver que ao mesmo homem impende a tarefa ingente e grandiosa de se restabelecer em harmonia no mundo, para que em harmonia a sua vida lucidamente se realize desde o nascer ao morrer.