Humidade
A humidade total dentro de um material é o somatório da humidade absorvida a partir do ar com qualquer humedecimento proveniente de uma fonte de água, por exemplo, da penetração da chuva ou da humidade ascendente.
Teor de humidade higroscópica ou em ar seco
Todos os materiais que compõem a fábrica básica das paredes, tijolos, pedras, rebocos, estuques, contêm diversas quantidades de humidade, quantidades essas que dependem do material específico e da humidade de equilíbrio do ambiente onde se situam. Este nível de humidade característico é conhecido como sendo o teor de humidade higroscópica ou em ar seco desse material.
O teor de humidade higroscópica ou em ar seco representa a condição natural, ou ao ar seco, do material e é a quantidade de água absorvida por este, a partir desse ar – é o que se espera encontrar num material “seco”. Assim, na prática, nenhum material é completamente seco; existe sempre alguma água presente.
Alguns sais contaminantes que podem aparecer nas alvenarias, por exemplo, pela humidade ascendente, podem ser higroscópicos, ou seja, eles são capazes de absorverem a humidade a partir do ambiente em que se encontram.
Nas alvenarias, os mais significativos destes sais são os cloretos e os nitratos solúveis, os quais podem, ambos, subir a partir da água do solo e, portanto, estarem presentes como consequência da existência de uma humidade ascendente há longo prazo.
No entanto, ambos podem aparecer ocasionalmente a partir de outras fontes de contaminação.
Como esses sais podem absorver a humidade a partir do ambiente em que se encontram, a sua presença nas alvenarias faz com que o teor em humidade higroscópica (em ar seco) destas aumente, em resultado da acrescida absorção de humidade atmosférica.
Dependendo da natureza dos sais higroscópicos, da sua quantidade e da humidade do ambiente envolvente, o teor em humidade higroscópica (ar seco) da alvenaria pode ser muito elevado mesmo quando, por exemplo, a actividade de humidade ascendente que originou essa presença de sais já foi controlada.
Efeitos da contaminação com sais higroscópicos sobre o Teor de Humidade | ||
Material | Descontaminado
@ 80%hr |
Contaminado
@80% hr |
Carlite | 0.6% | 4.2% |
Carlite | 0.7% | 3.8% |
Estuque de cal | 1.5% | 12.2% |
Reboco de cimento | 2.0% | 10.1% |
Tijolo | 0.4% | 6.2% |
Humidade livre ou capilar
A humidade livre (capilar) é a humidade que preenche os poros do material e está em excesso relativamente á humidade higroscópica (em ar seco). Ela indica a entrada activa de água na alvenaria, por exemplo, como resultado da humidade ascendente activa, da penetração da chuva, ou por fugas de água.
Por vezes, pode existir apenas humidade residual da construção, dependendo das condições e do tempo passado desde que os trabalhos de construção ficaram concluídos, ou humidade residual de secagem na sequência de trabalhos de reparação ou de construção.
Apesar de a humidade livre poder estar presente, pode acontecer que não seja suficiente para provocar danos na decoração, manchas ou o início de sua degradação por fungos.
Também se pode notar que o teor em humidade livre pode variar significativamente entre materiais diferentes, em consequência das suas diferentes capacidades de armazenamento de humidade (permeabilidade e porosidade); por exemplo, as argamassas são, geralmente, mais permeáveis do que os tijolos e, portanto, são capazes de guardarem mais humidade livre.
Assim, o teor em humidade livre de um material pode não reflectir o teor em humidade livre de outros materiais imediatamente adjacentes, e as comparações directas entre teores em humidade livre de materiais diferentes não são legítimas.
Deve-se notar, finalmente, que muito pequenas quantidades de humidade livre podem provocar leituras muito elevadas de humidade por meio de humidímetros eléctricos.
Uma parede “seca”
Tecnicamente, uma parede “seca” pode ser encarada como uma parede que não está sujeita a uma entrada activa de água; por outras palavras, ela não contém humidade livre.
No entanto, e na prática, ela pode estar humedecida apenas em consequência da humidade higroscópica, ou seja, a água é absorvida apenas e directamente a partir da atmosfera.
Por vezes, os resultados obtidos em ensaios laboratoriais demonstram que a humidade higroscópica é superior à humidade total, ou seja, que a humidade livre é negativa.
Isto indica que o ambiente ao redor da parede, na altura em que as amostras foram recolhidas, estava menos húmido do que as condições usadas no ensaio. Tais resultados também indicam que a parede estava “seca” (não existia humidade livre), ou seja, não havia entrada de água.
As avaliações anteriores formam as bases para as análises sobre humidade descritas no Building Research Establishment Digest 245, “Rising damp in walls; diagnosis and treatment” (N.T. – Humidade ascendente em paredes; diagnóstico e tratamento).
No caso da avaliação da humidade ascendente, um “perfil de humidade e de sais” examina a distribuição e o relacionamento entre a humidade livre e a contaminação com sais (cloretos/ nitratos). Se a humidade livre estiver presente até à mesma altura que os sais, então não existe controlo sobre a humidade ascendente.
No entanto, se a humidade livre estiver abaixo da altura máxima dos sais contaminantes, isso indica que aconteceu uma secagem da humidade ascendente.
Ao contrário, a presença de humidade livre acima da altura dos sais contaminantes pode indicar a existência de outra origem da entrada de água, tal como a penetração de humidade.