Apontamentos Controlo da Degradação

Controlo da Degradação

Apesar de os rebocos e os estuques de cal se degradarem mais rapidamente do que os rebocos e os estuques à base de cimento, quando submetidos a ciclos de humedecimento e secagem e à contaminação por sais, as relativamente elevadas densidade e impermeabilidade dos ligantes de cimento tornam-nos inadequados para reparações em alvenarias históricas, especialmente nos casos de contaminação com sais.

Os estuques à base de cimento encorajam a destruição dos substratos mais fracos.

Em geral, é preferível encorajarem-se os sais solúveis a migrarem para fora do substrato de alvenaria contaminada, do que tentar-se conter os sais por trás de um estuque ou de um reboco impermeável, à base de cimento ou de outro material impermeável.

Os sais descobrem o caminho de menor resistência através dos materiais mais fracos e permeáveis, ultrapassando os materiais mais densos e impermeáveis.

Inevitavelmente, os sais acabam por encontrar passagens através da alvenaria até à zona de face/secagem, quer por uma lacuna da camada impermeável, quer por detrás desta, onde continuam a provocar danos não detectados.

Nestas situações, é sempre preferível um estuque ou um reboco à base de cal.

Apesar de o estuque de cal poder vir, mais tarde, a falhar localmente, com a eflorescência salina, e a necessitar de ser renovado, ele vai proteger a alvenaria subjacente da mesma maneira que as reparações com argamassas brandas, à base de cal, aplicadas nas esculturas, se comportam sacrificialmente na superfície do calcário.

Uma boa argamassa de refechamento de juntas nos edifícios históricos de alvenaria é, tipicamente, mais permeável e porosa do que as unidades da alvenaria que une e, consequentemente, funciona sacrificialmente em relação a essa alvenaria.

Não se deve, necessariamente, considerar que as juntas de alvenaria que exibam uma degradação relacionada com sais falharam, mas sim que podem estar a proteger essa alvenaria, ao absorverem os sais e ao ficarem degradadas, em vez de isso acontecer com a própria alvenaria.

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A cristalização de sais solúveis provoca uma perfuração e pulverização característica nas superfícies.

Isto é visualmente desagradável e destrutivo, em qualquer circunstância, mas é especialmente problemático nas superfícies de alvenaria que sejam decoradas, bem como nas esculturas e nos edifícios.

As superfícies em estuque pintado ficam em risco, num ambiente contaminado com sais.

No passado, era prática internacionalmente comum removerem-se as pinturas murais valiosas dos sítios arqueológicos onde os sais fossem evidentes.

Este método foi originado pelos conservadores italianos de pinturas murais e é conhecido por técnica de strappo.

As pinturas murais do primeiro século antes de Cristo, de Masada em Israel, são um exemplo desta prática.

As alterações ambientais consequentes do destapamento dessas pinturas acelerou grandemente a sua degradação; em Masada, as concentrações de sais são inevitavelmente elevadas, por causa da proximidade com o Mar Morto e das alterações na humidade relativa que acontecem neste ambiente de deserto.

Todas as pinturas murais do sítio foram destacadas da sua base em alvenaria, e a fina camada superficial de tinta recebeu uma nova base sintética, montada em armações metálicas. Este tipo de intervenção drástica já não é recomendada.

Não só o processo é completamente irreversível, como os novos sistemas de suporte e as suas armações demonstraram serem incompatíveis com as superfícies pintadas com cal, num clima quente onde os movimentos térmicos do metal são inevitáveis.

Uma abordagem alternativa ao destacamento das pinturas murais de Masada teria sido a dessalinização do local, a aplicação de emplastros para a remoção dos sais, imergindo-os em solução através da superfície da alvenaria e encaminhando-os para outra zona absorvente, de secagem aplicada sobre a superfície da pintura, composta, por exemplo, por fibras de papel, fibras de algodão ou argila.

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Os cristais de sais podem-se formar inofensivamente sobre o emplastro e serem removidos. Este tipo de tratamento para superfícies importantes, tais como as pinturas murais ou a escultura, deve ser encarado como sendo um tratamento de manutenção usado, se necessário, para se extraírem os sais, e não como um tratamento único, para nunca mais ser repetido.

A alvenaria pode ficar estável durante um longo período e depois, subitamente, exibir uma degradação relacionada com sais, tipicamente consequente de alterações no ambiente.

Uma situação típica é a da alvenaria saturada num ambiente húmido, tal como uma cave, que permanece estável enquanto a humidade nas paredes estiver acompanhada por humidade no ar.

Se este equilíbrio for alterado pelo aquecimento do ambiente interior, a secagem da superfície da alvenaria pode induzir a cristalização de sais.

Contrariamente, as superfícies da alvenaria podem sofrer, durante um período curto mas intenso, de eflorescências salinas e, depois, estabilizarem logo que o fornecimento imediato de sais se tiver sido esgotado.

Se for sabido que uma alvenaria sofre de contaminação por sais, podem ser projectadas obras curativas para acomodarem esses sais. Por exemplo, o humedecimento prévio, necessário para as injecções de caldas, pode mobilizar sais e provocar que eles migrem para a superfície da alvenaria.

As argamassas de reparação e de refechamento de juntas podem ser projectadas para se comportarem sacrificialmente em relação ao substrato de alvenaria.

Uma especificação correcta para uma argamassa e uma superfície de argamassa com textura aberta vão ajudar o movimento dos sais de atravessamento das reparações e dos refechamentos de juntas. É habitualmente impraticável a extracção dos sais de uma alvenaria, mesmo em áreas limitadas.

É mais fácil usarem-se técnicas tradicionais de reparação de alvenarias, quando adequadas, estuques para a protecção das superfícies das alvenarias e planear-se uma manutenção corrente para as áreas contaminadas com sais.

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