Desde a Idade Média até ao Renascimento, continuam-se a praticar apenas transformações sobre as obras do passado, novas adaptaçóes e reconstruções mais ou menos radicais.
No século XIV, uma das primeiras vozes autorizadas que se levantou contra o estado de abandono dos velhos monumentos foi a de Francisco Petrarca; ele olhava com nostalgia para os monumentos da Roma antiga antecipando a atitude dos românticos na associação das ruínas à ideia da fugacidade do tempo.
Em 1462, o Papa Pio II publica um édito que proíbe a destruição e a reutilização dos materiais retirados dos monumentos antigos para as novas construções.
Os primeiros alinhamentos de uma ideologia que olha para o passado como um património que deve ser salvaguardado e como um testemunho a ser perpetuado pelo presente, manifestam-se com o Humanismo e com o Renascimento… no testemunho de artistas como Ghiberti, Brunelleschi e Leon Battista Alberti que se declara a concepção humanista do monumento antigo, entendido como fonte a ser abordada com critério científico e pela aprendizagem de um método. Descobre-se o tratado De Archittetura de Vitrúvio, que Alberti tente actualizar pela sua obra De re aedificatoria, em que predomina o estudo da Roma antiga.
O restauro está ao serviço da ideologia política e cultural, a qual valoriza essencialmente um momento circunscrito da história do homem, a Idade Clássica.
Restaurar significava reintrepretar-se o antigo com uma chave moderna, razão pela qual uma tal operação não era atribuída a executantes especialistas mas antes aos artistas, os quais tinham plena liberdade na execução deste trabalho.
O princípio da renovação só se tornou obsoleto quando, muito mais tarde, um dos conceitos básicos do restauro e da conservação passou a ser o do respeito absoluto pela obra de arte em si, pela sua autenticidade, desde o ponto de vista histórico ao estético, e quando não foram mais admitidas intervenções que podessem alterar ou falsificar a obra original.
Humanismo e Renascimento, ao se reclamarem herdeiros da antiguidade, foram, no entanto, muito pouco respeitadores pelo passado; o amor pela antiguidade provocou vastas destruições com a finalidade de serem isolados os pormenores mais significativos de um monumento.