Ela provém, realmente, do Building Research Establishment Digest 245, “Rising damp in walls: diagnosis and treatment” (N.T. – “Humidade ascendente em paredes: diagnóstico e tratamento”).
O TIL, “Diagnosis of rising damp” (N.T. – “Diagnóstico da humidade”) trata da distribuição da humidade nas alvenarias, ou seja, dos métodos pelo forno seco e pelo humidímetro de carbonato para a determinação do conteúdo de humidade total e de humidade higroscópica nos materiais.
O Digest 245, “Rising damp in walls: diagnosis and treatment” cobre o mesmo assunto que o TIL mas acrescenta uma explicação adicional relativamente à humidade ascendente, à distribuição da humidade, e à interpretação dos resultados, pondo uma ênfase especial na determinação da diferença entre a quantidade de humidade total e a quantidade de humidade higroscópica; discute,
também, os tratamentos contra a humidade ascendente e o desempenho das barreiras impermeabilizantes injectadas. O número “5 %” só aparece neste Digest.
Mas será que ele refere, efectivamente, que este nível de humidade é aceitável? Quais são as partes relevantes do Digest que relacionam estes 5 % com as alvenarias? Este número apenas é referido, num par de parágrafos, “Interpretação dos resultados”: “Se o conteúdo em humidade encontrado (MC) for inferior a cinco por cento na sua base, é improvável que a parede esteja severamente afectada por humidade ascendente”.
O Digest afirma também: “Apesar de ser apenas um indicador grosseiro, o padrão dos 5 % representa um razoável indicador genérico sobre se deve ou não ser encarada uma forma qualquer de tratamento curativo. Isto sublinha a importância da diferença entre as medições da HMC e da MC nas amostras.”
Em parte nenhuma do Digest se encontra escrito, ou ele afirma, especialmente após trabalhos de hidrofugação, que:
- Um conteúdo em humidade inferior a 5 % é perfeitamente aceitável.
- Para uma parede ter humidade ascendente, ela tem que apresentar um conteúdo em humidade superior a 5 %.
- Não é provável que um conteúdo em humidade inferior a 5 % seja devido a humidade ascendente.
- Uma parede deve ter mais do que 5 % de conteúdo em humidade higroscópica antes de sofrer de humidade ascendente.
- Um conteúdo em humidade inferior a 5 % depois de uma parede ter tido a oportunidade de secar demonstra que a humidade ascendente foi efectivamente controlada.
Todas as frases anteriores têm aparecido em relatórios afirmando-se serem parte do Building Research Establishment Digest 245; algumas delas foram mesmo encontradas em relatórios de consultores! Claramente, tais afirmações não fazem parte do Digest.
Na verdade, conforme o último ponto anterior, medir-se o conteúdo em humidade na base de uma parede iria certamente tornar obrigatória a execução de uma qualquer barreira impermeabilizante e, assim, qualquer número obtido para o conteúdo humidade seria completamente irrelevante para a avaliação do desempenho dessa barreira hidrofugante!
E, certamente, o BRE não comenta o desempenho esperado de uma barreira hidrofugante injectada afirmando que a humidade ascendente está efectivamente controlada se for atingida um conteúdo em humidade livre de 5 % após a secagem!
Uma das mais enganadoras e perigosas afirmações de um relatório é, “a humidade ascendente não é normalmente considerada como merecedora de intervenção se o conteúdo de humidade higroscópica (HMC) for inferior ou cerca de 5 %” porque é o conteúdo em água livre que é realmente importante – ele indica uma fonte de entrada de água.
Efectivamente, no anteriormente afirmado, é irrelevante medir-se o conteúdo em humidade higroscópica, no que respeita à entrada de água proveniente da humidade ascendente – a importância é a diferença entre a MC e a HMC (ou seja, humidade livre) conforme descrito no BRE Digest referido. E, só de passagem, uma contaminação com sais higroscópicos suficiente para provocar HMCs da ordem dos 5 % é bastante grave e, sob certas condições, é, provavelmente, suficiente para fazer com que o material apareça húmido apenas como consequência da sua contaminação!
Torna-se bastante claro que estas “medições” constantes do Digest não foram correctamente compreendidas: elas foram entendidas apenas por aquilo que se pensa que elas contêm ou, mais provavelmente, por aquilo que se ouviu dizer que elas contêm.