No início deste escrito chamasse a atenção para critérios de intervenção que poderão ser considerados neste capitulo, sem que seja necessário repeti-los.
Neste contexto, salienta-se o ponto 2. Critérios e metodologias e, ainda no mesmo ponto 2. mas mais avançado, O caso português, com a descrição de uma possível ficha orientadora dos passos a seguir, embora se trate de pontos para um processo de classificação.
Nas páginas anteriores, descriminou-se exactamente a documentação que deve ser entregue, relativamente a um processo de intervenção num edificado antigo.
Tendo sempre como base as cartas e recomendações internacionais e a legislação nacional, o processo de intervenção numa peça protegida rege-se principalmente pelo respeito e pelo pormenor com que se olha o imóvel.
Não compete ao arquitecto intervencionista deixar a sua marca, como poderá ser feito numa obra nova, mas antes a compreensão do lugar, da integração da peça na envolvente, do contexto actual como elemento enriquecidor do objecto. O bom senso poderá ser o ingrediente essencial para uma intervenção regrada e cuidada.
Em seguida resume-se alguns dos pressupostos orientativos para a reabilitação de edifícios históricos:
Identificar, reter e preservar
Realização de um inventário exaustivo do edifício e das suas particularidades.
Proteger e manter
Depois do inventário, ter-se-á que prever uma manutenção sistemática da construção. ( ex.: limpeza de goteiras, instalação de alarmes, etc.) Posteriormente, outros métodos de conservação deverão ser tomados.
Reparação
Para começar podemos consolidar, reforçar, prender, etc. Substituição ou conserto de escadas, corrimãos, vidros partidos, etc.
Substituição
Dever-se-á definir um método de intervenção e de substituição de partes danificadas. A substituição de uma peça, ou de parte, deverá, sempre que possível reutilizar os restos originais. A substituição deverá ser feita com materiais iguais ao original, ou com os mais semelhantes possíveis.
Desenho de partes históricas desaparecidas
Quando alguma peça importante desaparece por completo, como um alpendre ou uma escada, já não tem um papel fisicamente activo na intervenção, a não ser que seja possível redesenhar e recriar fielmente as peças em falta, através de documentação histórica existente. Quando tal não é realizável, um novo desenho será aceite desde que este seja compatível com todo o edifício (escala, tamanho, material, cor, etc.), e que esteja nitidamente diferenciado e marcado como novo, para que não haja enganos. – conceito americano.
Alterações/ adições a edifícios históricos
Todas as alterações que forem necessárias para a adaptação da continuidade funcional do edifício, deverão ser realizadas sem que, de modo algum, alterem, destruam ou danifiquem o espaço, os materiais, as técnicas, construtivas ou os acabamentos. (ex.: adicionar zonas de estacionamento, novos vãos, acrescentar pisos, etc.) Pode ser necessária a demolição de edifícios ou árvores da envolvente mais próxima.
Dever-se-á evitar o acrescento de novos anexos ou ampliações. Se tal tiver mesmo de acontecer, então este deverá ser nitidamente diferenciado e não poderá intervir com a edificação original.