Introdução
Como vimos nas unidades temáticas anteriores, falar de cultura significa a prior estabelecer relação entre o comportamento individual do colectivo ou social, isto é, o comportamento individual pode indicar a cultura do indivíduo e o comportamento da sociedade definir a cultura da sociedade. Ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:
Objectivos específicos
- Definir a cultura e sua aplicação na vida real.
- Definir sociedade e suas características.
- Identificar a relação existente entre a cultura e sociedade.
Desenvolvimento
De acordo com Batalha (2004) não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual um indivíduo se torna um membro activo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos pré-concebidos.
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura.
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em
perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo.
Como indivíduo, ajuda a transformá-lo quando há necessidade (GUSMÃO, 2008). Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.
Segundo Jordão (2004) citando Scaglion (1998) as pessoas são sujeitos activos no meio – tomam posições fazendo novas interpretações, recebendo e construindo criativamente um processo cultural em determinada época histórica. Cultura, indivíduo e actividade indivíduo e sociedade importância da filogénese dos processos psicológicos – no decorrer do desenvolvimento o ser humano é moldado pela actividade cultural de outros.
De acordo com a mesma fonte, o individuo se constitui através da rede de inter-relações sociais – tendo “instintos” ou comportamentos pré-programados, passa através da vida social a adquirir a fala e planejar e controlar sua actividade e de outrem, através das representações mentais. Para Laraia (2001) e Jordão (2004) o individuo passa de uma relação interpessoal para um controle e planeamento intra-pessoal da sua própria actividade.
Mesmo estando sozinho, o ser humano tem os hábitos de uma sociedade. Já está comprovado por estudos científicos, que existe uma organização social entre os animais, não apenas entre os mamíferos superiores, mas também entre os insectos como: formigas, cupins, abelhas, etc. Entre esses insectos existe algo que podemos chamar de “hierarquia social” ou “poder político”, “divisão de trabalho” etc.
A questão é; Qual a diferença entre a “sociedade” desses animais e a sociedade do homem?
As pessoas apresentam comportamentos diferentes de acordo com o lugar onde vivem (país estado, região) e também não se comportam mais hoje como se comportavam a cinco ou dez anos atrás.
Laraia (2001) advoga que a diferença é que as formas de comportamento dos animais irracionais e insectos são transmitidas geneticamente, ou seja, decorrem da natureza, enquanto os padrões de comportamento do homem são artificiais, criados pelo próprio homem.
Spiro (1998) afirma que apesar de a espécie humana ser dotada de certas características orgânicas que só ela possui, estas não são suficientes para o desenvolvimento da sua personalidade e do
comportamento na sua forma social.
A ecologia cultural considera a interacção entre as características do ecossistema e o apetrechamento tecnológico humano como sendo a principal condicionante da organização das sociedades humanas.
Ember & Ember (1996) diz que a selecção natural se encarrega de seleccionar positiva ou negativamente os comportamentos que cada grupo humano adopta na exploração dos recursos naturais.
Os grupos humanos que tiverem os comportamentos mais adequados à sobrevivência num determinado ecossistema terão
maior sucesso reprodutivo e deixarão descendência, enquanto os que tiverem comportamentos menos adequados desaparecerão por falta de descendência.